RENASCIMENTO

Fala aí preta...

O assunto de hoje é sobre

A mitologia grega traz a história da Fênix, que segundo conta a história, é um pássaro que ao morrer, entra em combustão e após algum tempo renasce de suas próprias cinzas; muito se usa esse mito como simbologia do renascimento, da cura de cicatrizes, do aprender através da dor; eu sempre achei muito interessante essa história, e acredito que boa parte de vocês também... mas dia desses caminhando pela minha varanda, mexendo nas minhas plantas, olhando a movimentação da quebrada, ouvindo som que ecoava ao fundo de toda essa essa visão que me deslumbrava, me deparei largada lá no canto do chão uma suculenta, bem pequenininha, aparentemente já apodrecida, suja, cheia de terra. Quem olhava de longe daria o veredito que se tratava de uma planta morta.

Mas curiosa que sou desde pequena, fui fuçar um pouco mais, limpar a sujeira, pegar os restos daquele ramo sem vida... tão sensível tão pequenininha na palma da minha mão. 

E foi aí que me deparei com uma das cenas mais lindas que havia visto nos últimos tempos: por baixo da planta morta, por baixo da sujeira, pasmem: havia raiz e um novo brotinho que nascia. 

Eu peguei esse brotinho na mão e fiquei um bom tempo olhando e refletindo, me emocionei em pensar o quanto nós que somos mulheres, LGBT, pessoas pretas, renascemos todos os dias, fazemos com que a cada manhã seja um novo dia para nos fortalecer; fortalecer nossas raízes, refortalecer a nossas forças ( dessa forma mesmo redundante). Fiquei pensando o quanto somos resilientes, o quanto somos capazes de superar as nossas dores, os traumas, os medos que nos foram deixados por familiares, nossos próprios pais, por antigos relacionamentos e amizades. Mesmo levando tombos da vida conseguimos renascer dia após dia.

Os últimos anos não tem sido fáceis e foram prova viva de que assim como aquela suculenta nós conseguimos sobreviver. 

É escuro que a gente não quer só sobreviver: a gente quer viver, quer ser feliz, a gente quer amar e comemorar ...só que entendam: Para nascer um brotinho verde, vívido e saudável às vezes é preciso morrer, apodrecer. Só renasce um novo broto, aquele que se permitiu encerrar um ciclo para então florescer.