AS LÉSBICAS QUE VOCÊ NÃO VÊ
- Sheila Costa
- 30 de jan. de 2016
- 3 min de leitura

Olhando grupos nas redes sociais deparei-me com um que chamou mais minha atenção: O grupo : As lésbicas que você não vê, entramos em contato e conversamos um pouco com a administradora Monique Rosa Brasil, pois a temática do grupo tem a ver com a nossa revista e com a luta constante por visibilidade das mulheres e sobretudo as lésbicas que gostam de ler e escrever.
AL) Qual a motivação para o projeto?
M-)Esse é um projeto antigo. Quando eu saí do armário, tive muitas dúvidas de como seria a minha vida, então pensei em conversar com outras lésbicas para me ajudar na minha própria busca. Eu queria saber porque eu passei tanto tempo da minha vida sem conviver com outras sapatonas, porque o assunto sempre foi tratado em sussurros e não abertamente, por que na minha família isso era um tabu que deveria ser mantido assim. Foi pensando na minha própria invisibilidade, que pensei no projeto Decidi que a melhor forma de mostrar-me enquanto lésbica, era buscar a voz de outras lésbicas também.
AL) Você é a "dona " da ideia e da fanpage ? ou são em mais pessoas ?
M) Eu sou a "dona da ideia", mas todas que mandaram os textos são parte dela. Eu fiquei muito tempo sem computador, A minha renda é pouca, eu ganho salário mínimo e trabalho 10 horas por dia. Meu sonho é viver da escrita, mas por enquanto sei como isso está distante de mim. Então, as maiores dificuldades eu diria é fazer boa parte do processo sozinha. Se eu tivesse uma ajuda mais regular seria melhor e se o meu tempo não fosse escasso também. Eu ainda estou engatinhando, mas vou levar esse projeto pela vida. Ele não tem prazo para acabar. Ele é uma busca minha, eu estou buscando meu espelho nas minhas iguais. Eu acho que nós, lésbicas, somos muito afastadas dentro dessa sociedade misógina e lesbifóbica. A rivalidade feminina é muito incentivada e isso nos separa mesmo nos relacionando com outras mulheres. Porque muitas de nós faz questão de deixar faz questão de deixar claro que se relaciona com mulheres mas prefere não estar entre elas. É preciso quebrar esses mitos e valorizar nossas relações entre nossas iguais. Ninguém pode nos entender melhor que nós mesmas e é nessa busca que priorizo falar de sapatão e pra sapatão. Escrevo um romance online voltado para esse público, porque faço questão de construir um trabalho que dialogue com lésbicas sempre. Tenho muito orgulho em ser lésbica, por isso não tenho medo de ter meu esforço voltado para nós. Meu olhos enchem d'água com cada texto que chega no email e o melhor resultado é saber que meninas e mulheres que jamais falariam sobre si em outro espaço, tem ganhado confiança em enviar os emails. Espero que mais se encham de coragem e falem. É preciso ser ouvida e ouvir. De sapatão para sapatão.
AL) Como as mulheres podem fazer parte do projeto?
Fazer parte do projeto, é muito fácil. Basta mandar um texto para o meu email pessoal,
O texto pode ser curto, deve conter local de nascimento da pessoa que está escrevendo e idade e é necessário responder uma pergunta muito simples :
Quem é a lésbica que a sociedade não vê?"
Você pode falar sobre você mesma, de lésbicas de uma forma geral ou de alguma outra sapatona que você ama e fez parte da sua história. Se não quiser que os textos sejam publicados na página do projeto com seu nome, coloque "Anônima" no assunto. Eu quero ler cada uma de vocês e todas que quiserem participar são essenciais.

Monique Rosa Brasil. 28 anos
Rio de Janeiro.
moniqueomabry@gmail.com
Comments