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Era para ser apenas 15 dias…

  • Revista Alternativa LGBTQ
  • 25 de jul. de 2022
  • 3 min de leitura

por Graf escritora


Para falar a verdade eu não achei que seriam apenas quinze dias, tendo em vista o que estava acontecendo nos outros países e os acontecimentos políticos do nosso país. Mas não vou falar desse ponto agora.

Quero falar com você, cara pessoa que está lendo esse texto, sobre uma reflexão que faço desde antes da pandemia e que se fez mais forte depois de tantas pessoas colocarem a cara na tela das redes sociais, não para assistir, mas para exporem suas vidas.


Todos nós da sopa de letrinhas, nos sentimos presos durante muito tempo dentro de “armários” impostos por nossas famílias, amigos, escolas, trabalhos, etc. Também estamos presos dentro das nossas mentes e que além de nos prender faz com que aprisionemos outras pessoas em preconceitos que muitas vezes passamos um pano.


Quando tive meu primeiro pensamento, “será que gosto mesmo de mulher?”, por volta dos meus 13 anos de idade, logo após ser apresentada à nossa saudosa Cássia Eller. Foi o início de um turbilhão de coisas passando em minha cabeça, eu já tinha ficado com meninos, mas confesso que o que mais me intrigou durante muitos anos foi, “eu preciso decidir do que gosto, porque não posso gostar dos dois.” Isso foi um pensamento que sempre me rodeou, uma vez que me assumi lésbica logo após ter sentimentos por uma coléga da mesma idade e também uma paixão platônica por uma professora. Pronto. Estava alí instalado um pensamento que só foi ficando cada vez mais pesado de carregar por ouvir pessoas que reforçam o estigma (indevido) de que pessoas bissexuais são: indecisas, promíscuas ou infiéis. Então a dica das “mais experientes” eram sempre as mesmas, “eu não fico com Bi…”, “Bi? Não! Nunca sabe o que quer, depois termina com você e vai ficar com homem…”. E por aí vai.


Então, mais velha, parti em busca de ficar com mais meninos. Tentei. Não consegui nem chegar aos “finalmentes”. Resolvido. Já tinha minha resposta, sou lésbica mesmo, hem? Me dê agora minha carteirinha de sapatão, caminhoneira, cola vélcro… Agora só vou ficar com mulheres que gostem só de mulheres. Corta para a parte da história onde, a maioria das minhas ex namoradas e minha esposa, são bissexuais. Será que tentar me encaixar nesse padrão fez com que eu deixasse de viver algo?

Minha resposta é: NÃO! Sou lésbica mesmo, não sinto nenhuma atração sexual por homens.


Mas e você? Já se perguntou isso? Não estou querendo com essa reflexão colocar em cheque sua orientação sexual. Ao contrário, estou colocando em evidência um preconceito que talvez esteja tão arraigado que você nem tenha se ligado que tem. Fomos reproduzindo igual heteronormatividade.


Depois de aprender a fazer essas reflexões, fazendo terapia, lendo, conhecendo, observando… constatei que entrei na onda daquelas pessoas por puro preconceito e imaturidade. As pessoas são o que são e se você está em um relacionamento, deixe as regras claras, façam seus combinados. O andamento do seu relacionamento depende do sentimento de vocês, mas principalmente do caráter de cada um em cumprir o combinado. Nada mais que isso. Se a menina bisexual, terminou com você e agora está se relacionando com um homem, amiga, a vida é dela. Siga a sua.


Essa é só uma das reflexões que tive nesses tempos pandêmicos. Se tiver a oportunidade, reflita, se liberte dos padrões e abra espaço para viver e vivenciar coisas novas, livres do preconceito que vivemos querendo que acabe.


Beijos dessa sapa que vos escreve.

GRAF


 
 
 

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